
Sobre ser Escritora
Escrever – tem quem acredite ser a parte mais difícil do processo…
Não para mim, porque as ideias transbordam em minha mente, sem parar, e meus dedos não dão conta de transcrever com a mesma velocidade que crio.
Então, escrever é a parte mais linda: eu, comigo e com todas as mulheres que cabem dentro de mim, para trazer personagens, ideias, histórias, semear mais amor, mais autoestima, divertir, me divertir.
Mas não basta escrever. Tem que publicar e esta é uma jornada longa, que só quem passa sabe exatamente o caminho tortuoso, a falta de ética de muitos no mercado, os obstáculos, os investimentos, as perdas, os desapontamentos e, ainda assim, a alegria de pegar na mão o primeiro exemplar para ser lido pela primeira vez e por cada vez que acontecer… Nada consegue roubar essa sensação, a mais completa pois “minha arte só não é fábula quando encontra o seu público!”
Escrevi, publiquei e …
Tem outra longa caminhada para ganhar autoridade, para encontrar o próprio público, para achar o próximo leitor e não deixar o livro morrer, pois o livro é como o coração do escritor, se ele parar, o escritor morre!
E outras estradas solitárias, principalmente para quem se sente completo escrevendo sozinho. Eu, na multidão estou sempre sozinha. Mas no meu sossego, com minhas ideias, minha criatividade e criação, estou num mundo perfeito. Apesar disso, tenho que sair, tenho que vender, tenho que convencer (socorro!!!), tenho que postar, tenho que sorrir…
Tem escritor que adora tudo isso. Mas não eu! E não porque eu não goste de pessoas, mas porque o mundo tem ruído demais e porque quando sou obrigada a estar no mundo estou longe do meu teclado, das minhas ideias, dos meus textos e das estradas que os levam para a publicação, e porque fico com a impressão que a mercadoria sou eu. Parece que eu tenho que me vender para meu livro poder ter valor…
Enfim, ser escritor não é apenas ser alguém que tem ideias e escreve. Ser escritor é batalhar todos os dias para sobreviver numa cultura que valoriza pouco a literatura (e piorou se for escrita por mulheres), a poesia, e qualquer outra forma de arte, e que cada vez mais está limitando o uso das ideias por escrito.
E não estou falando de receber elogios ou cumprimentos como se escrever um livro fosse algo tão restrito quanto pisar na lua. (Talvez escrever um livro incrível, seja!), pois elogios recebo vários. Mas não vivo do ego. Vivo da minha arte, tingida com meu sangue, meu suor e as marcas da minh’alma. Não quero louros, não quero flores e nem aplausos. Me esqueçam e está tudo bem. Mas leiam meus textos, mantenham- nos vivos, pois eles são também meus pulmões e eu só respiro enquanto eles vivem como sopros por aí, tocando almas, faiscando vida.
Mas, como escritora, hoje me permito comemorar este dia, mesmo sem querer louros, porque a jornada é difícil. É incrível, mas é difícil, e o mundo é melhor também porque escritores decidiram não desistir, porque eu escolhi resistir e resisto todas as manhãs, na expectativa de viver para ver minhas sementes brotarem.
Para todos aqueles que resistem, que respeitam a escrita e que escrevem porque acreditam em algo que faz valer a pena enfrentar todos os obstáculos, FELIZ DIA DO ESCRITOR(A)!
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