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E se?

Paul Cézanne nasceu em 1839. Queria ser pintor e estudou arte contra a vontade de seu pai. Por um tempo estudou direito para obedecer ao pai. Mas ele queria ser pintor!
Foi recusado na Escola de Belas Artes de Paris e duas vezes no Salão Oficial de Paris, que expunha os quadros dos grandes artistas da época.
Frequentou o grupo dos Impressionistas e tinha em comum com eles a rejeição aos padrões acadêmicos da época.
Foi rejeitado e hostilizado pelo público de Paris e seu trabalho começou largamente a ser reconhecido após a sua morte. Hoje em dia ele é considerado um dos maiores pintores modernos do mundo. Ele influenciou outros artistas que vieram depois dele e todo o desenvolvimento da arte moderna.

Muitos artistas partem antes de serem reconhecidos como grandes artistas.
O auto reconhecimento existe na alma e no desejo de produzir arte. Mas há muito suor também na jornada.
O reconhecimento é parte da expectativa do artista, não apenas por vaidade, mas porque a arte só se completa quando alcança o público e mais ainda quando toca e sensibiliza alguém. Aí acontece o choque energético que devolve satisfação para o artista.

Mas nem só de reconhecimento vive o artista.
Para qualquer um, em qualquer profissão, existe a necessidade de ser remunerado pelo trabalho.
Justo, não? Todo mundo investe anos em estudo, formação, experiência… e todo mundo precisa sobreviver e pagar contas…

Ainda que um artista seja suportado por alguém da família (como Cézanne foi) ou que ele tenha outras formas de sobrevivência, como fica a autoestima? Como não se sentir humilhado? Como não se sentir um peso? (Van Gogh que o diga…) como não questionar sua própria arte, suas habilidades e sua dedicação? Como vencer as angústias que perturbam a própria criação?

E se, em todos os âmbitos, todo artista pudesse, se quisesse, apenas fazer arte?

E se?

Imagem: Estudo em aquarela sobre imagem do Moulin Rouge – Paris / Helena DeLuca – Março 2024