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Autoconhecimento, meu oxigênio

Quantas vezes o universo nos oferece algo e não somos capazes de aceitar, ou ler corretamente, ou parar para perceber, até por falta de autoconhecimento?

Às vezes sinto saudade da minha juventude. Principalmente da impetuosidade e da tranquilidade ou ingenuidade de não imaginar os desafios que a vida proporia.

Se eu pudesse voltar no tempo, não voltava. Amo a minha história e tudo o que me recheou para chegar aqui hoje, sendo quem eu sou… mas passar duas vezes pelas mesmas dores e desafios, non, merci!

Mas, na juventude, me faltava algo, mesmo sem ter consciência. Eu vivia mais desconectada, então as coisas que passavam por mim, muitas vezes eram como o fundo desfocado de uma foto feita com abertura do diafragma da lente no máximo.

Assim, perdi muitas mensagens importantes do universo… desfocando…

Na medida que o tempo foi passando, fui aprendendo a olhar, a focar em alguns momentos, mas normalmente nos momentos bons, mais vibrantes e naturalmente mais nítidos.

Os outros momentos mantiveram-se desfocados, algumas vezes pelos olhos encharcados de lágrimas e geraram muitas discussões minhas com Deus. Eu queria poder ouvir a resposta de todos os meus porquês.

O tempo passou mais um pouco e, a duras penas,  aprendi que nem toda perda é ruim. Há amores que nos acorrentam, quando não são piores, como âncoras que nos levam para o fundo, com toda a naturalidade do peso de uma âncora.

Saber aceitar o presente que o universo deu ao tirar uma corrente ou uma âncora da vida é sinal de maturidade e sabedoria, afinal, quem quer ter a vida limitada por pesos extras quando pode ter a alma livre?

Alguns presentes do universo são claros e evidentes. O maior deles para mim é o meu filho! Pode parecer lugar comum, mas garanto que não, pois ele foi o presente mais batalhado da minha história e ele é tão gigante quanto a batalha!

Mas outros presentes são singelos e quando conseguimos perceber e aceitar…ah..  são surpreendentes.

Eu tenho muitas plantas na minha varanda e quase não tenho mais espaço para andar por ela. Ali, gosto de colocar frutas e admirar os pássaros que entram na minha casa para se alimentar.

Pois estes seres delicados não comem apenas. Eles pagam com sementes que deixam espalhadas pelo chão ao lado dos vasos, além da polinização.

Pena eu não ter visto quem foi, mas um pássaro misterioso veio e deixou um galho de uma planta que eu nunca havia visto antes. Neste momento, me senti uma criança entusiasmada com o presente novo, singelo e lindo que acabara de receber do universo.

Plantei o pequeno galho, que cresceu e hoje tenho mais uma planta enorme na minha varanda, que já ultrapassou o teto da minha casa, como um termômetro me mostrando que é hora de mudar, pois nem ela e nem eu cabemos mais no mesmo lugar.

Preciso alimentar a minha alma também e não apenas os pássaros. Preciso fechar o diafragma da minha lente e colocar foco em todo o processo!

Amadurecer com a idade é fazer o caminho inverso do corpo. Enquanto ele definha no tempo, a alma vai se polindo e ganhando consistência, se você se permitir, claro!

E esse é o maior presente que o universo nos dá. A oportunidade de se autoconhecer, de mudar, de crescer, de reconhecer suas próprias asas, o infinito, sua humanidade com suas limitações e a finitude daqui.

Eu estou em harmonia com o universo, com a natureza, com os pássaros, com as plantas e, acima de tudo, comigo mesma, sempre em busca de autoconhecimento, meu oxigênio.

Este galho presenteado simboliza essa harmonia com toda a pureza e delicadeza que só o universo sabe e pode doar.

Abra os braços para a vida e sorria pois algumas dores são necessárias para ganhar asas.

Eu já comecei a voar!
E você ?